domingo, 19 de junho de 2011

O Relatório para o Moreno

Moreno é um dos Diretores do escritório. Deixar de entregar um trabalho no prazo indicado é uma coisa que a gente não faz, nem que seja necessário virar uma ou mais noites. Na área de consultoria a gente não perde prazos.

Cerca de 1 mês depois da minha internação, já na fase em que eu havia reaprendido a andar, eram mais de 10 horas da noite quando eu peguei um papel em branco que estava sobre a mesa de refeições, dobrei em quatro e comecei a me preparar para sair.

D. Beth (minha mãe) me perguntou, assustada, onde eu ia. Respondi que precisava ir ao escritório, levar o "relatório" (sim, aquele papel em branco dobrado em quatro!) para o Moreno, que iria no dia seguinte, de manhã, pra Salvador.

Tentando me fazer desistir, ela falou que já era tarde, que ele não estava mais lá, que seria melhor levar no dia seguinte. Eu, séria, dizia que ele precisava daquele relatório, que ele iria para Salvador para entregar e apresentar o relatório. Ela precisou me segurar à força para que eu não saísse.

Voltar a trabalhar na TTC foi uma coisa que, de novembro de 2009 a abril de 2010, eu temi não conseguir. Em abril de 2010 eu retornei e estou lá, trabalhando, feliz!

domingo, 1 de maio de 2011

Você, que acompanha minha reabilitação, lembra de alguma coisa interessante para eu contar aqui?

Muitas coisas da minha memória recente estão perdidas no cérebro, então, peço a ajuda de quem vem acompanhando minha reabilitação.

O que eu poderia contar aqui?

Obrigada desde já!

sábado, 23 de abril de 2011

Ando cansada, por isso a demora para novos posts.

Só para não passar em branco, um vídeo muito legal:


(espero que dê certo a inserção dele)


em 23 de maio de 2011

Achei melhor explicar que coloquei o filme aqui porque achei legal, mas que ele não se aplica no meu caso, nem pela necessidade da vaga e nem pela desobediência (quem me conhece sabe o quanto sou certinha nessas coisas).

beijo!

sábado, 16 de abril de 2011

A pizza

Vou contar uma história da qual sempre esqueço. Na verdade, nem lembro muito bem como é a história. Vou escrever e vou pedir que os participantes da história venham me corrigir e completar, ok?

É importante registrar que eu não me lembro da passagem. Conheço a história porque o Múcio, colega de trabalho me contou. Como isso não me compromete financeiramente, eu acreditei, sem exigir um filme com laudo de perito atestando a legalidade da prova, mas essa brincadeira da prova eu conto depois.

Eu sei que o Múcio veio me visitar, já em casa, não sei depois de quanto tempo que eu já estava aqui. Sei que foi entre agosto e outubro de 2009. A certa altura, alguém falou em pedir uma pizza (acho que fui eu). O Fábio, meu irmão caçula não queria pedir pizza, não sei por que. Depois pergunto para um dos dois. O que sei é que a pizza seria pedida com a condição de que eu fizesse 10 (ou eram 20?) flexões de braço. Fábio impôs essa condição porque não deve ter acreditado que eu as faria. Pois eu as fiz! E comemos pizza naquela noite!

Agora, por favor, Múcio e Fábio, conto com suas correções e complementações.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cansaço

Faz tempo que reclamo de cansaço, mas é uma reclamação leve. Hoje é 6ª. feira e estou um caco.

Pensar causa cansaço, mas esse cansaço é um bom sinal, por isso eu gosto dele. Fico mais calada, tenho mais sono, mas fico feliz. Cérebro trabalhando, construindo novas sinapses causa cansaço. É por isso que fico feliz e até tento desafiar essa situação.

É muito bom sentir que o cérebro está se recuperando ou aprendendo a contornar as dificuldades.

Acho que os exercícios que a gente faz com a neuropsicóloga deveriam compor uma tabela de resultados, porque sempre mostram o quanto a gente melhorou. Vou conversar com a Dra. Eliane a respeito, porque a gente esquece das melhoras, afinal, a memória recente anda um pouco distraída, né?

Vou tentar me esforçar a descansar mais no final de semana.

domingo, 10 de abril de 2011

Sobre a reabilitação

No dia 14 de agosto de 2009 eu tive alta do Hospital Oswaldo Cruz. Sei a data porque pesquisei na extensa papelada que saiu comigo de lá. Acho que já falei, não lembro de nada que aconteceu desde o rompimento do aneurisma (e algumas coisas anteriores) até o início de novembro (de 2009), quando passei por outra cirurgia, para troca de válvula de drenagem do cérebro.

Vou pesquisar ainda, no meio dessa papelada de que falei, quando foi que comecei a reabilitação fora do hospital. Segundo minha mãe, foi entre o final de agosto e início de setembro.

Minha reabilitação foi feita em três lugares fantásticos: neuropsicologia, com a Dra. Eliane Miotto; hidroterapia, duas vezes por semana, no Serviço de Terapia Aquática e Fisioterapia, com a Rosely Kunitake e a Doroty; fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, oficina terapêutica, psicologia e medicina fisiátrica no Lar Escola São Francisco. Além disso, ainda fazia alongamento aqui no prédio, duas vezes por semana, com a Michely. Tinha atividades todos os dias, inclusive no sábado.

Lá no Lar Escola São Francisco eu via os pacientes do SUS (eles atendem pacientes do sistema particular, como eu, e do SUS), em condições muito piores do que as minhas, e pensava: preciso aproveitar que estou me recuperando bem. Tenho muito mais sorte do que eles, que merecem que eu me esforce.

O mesmo empenho eu tive em todos os lugares. Levei muito a sério toda essa fase, mas a heroína foi a minha mãe, Beth. Me levava a todos os lugares, ficava na sala de espera ou entrava junto, quando o profissional solicitava. Foram meses e meses assim. Não me lembro como era antes de novembro (de 2009), mas sei que de novembro em diante eu tinha atividades de reabilitação todos os dias.

Aos poucos vou contando um pouco de cada uma dessas atividades. Não me lembro de muita coisa, mas tenho meu diário!

Sim. Fazer um diário é super importante!

A memória que eu não tinha está escrita no diário. Lá também estão as tarefas que me passavam, as dificuldades que eu tinha. Se você está passando por um caso semelhante, não deixe de fazer seu diário!

terça-feira, 5 de abril de 2011

A importância da calma e da tranquilidade

O dia ontem foi ótimo, produtivo, muito animador... mas estou pagando o preço hoje, cansada... mas... de novo à luta, porque está ótima!

:-)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Trabalhar é muito bom!

Hoje trabalhei mais de 7 horas. Estou cansada agora, mas foi um dia ótimo, produtivo, criativo.

Caramba... como é bom poder voltar a fazer projetos.

Eu tenho certeza que eu estaria feliz trabalhando em outra coisa, caso não conseguisse voltar para a minha área. Mas é muito, muito bom poder aplicar as coisas que aprendi na minha carreira.

Tenho certeza que a minha reabilitação foi importante pra isso, mas sei que sou uma pessoa de muita sorte.

domingo, 3 de abril de 2011

Como estou hoje

Fisicamente, estou ótima. Não tenho seqüelas físicas. A capacidade motora é igual a antes. Ouço, enxergo e falo igual a antes. O paladar também está igual (continuo adorando doces!). Tenho apenas uma leve, levíssima, diminuição do tato nos dedos indicador, médio e anular da mão direita. Eu diria que é uma coisa que mal pode comprometer a execução de jóias, porque é muito leve. Devo estar com mais de 95% do meu tato anterior, nessa mão.

A capacidade intelectual parece a mesma, pelo que posso perceber no escritório de consultoria onde trabalho. A única coisa que deixa o trabalho um pouco mais cansativo é a necessidade mental um pouco maior para relembrar técnicas, métodos, nomes. Mas mesmo isso está diminuindo muito. Não são raras as vezes em que sou eu que consigo lembrar o nome de um profissional ou de uma empresa, numa conversa sobre o trabalho.

No dia 12 deste mês eu completarei 1 ano de retorno ao trabalho. Comecei devagar, 2 ou 3 dias por semana, por cerca de 4 horas. Comecei fazendo acertos no site e no material de Qualificação Técnica da empresa. Fiz alguns pequenos trabalhos para alguns projetos, mas sem estar alocada em algum específico.

Os trabalhos variados estavam me deixando um pouco perdida, mas encontrei formas de conseguir ter controle. Agora, anoto tudo. Depois de um tempo, descobri que não era sufuciente eu anotar simplesmente o que eu havia feito. Descobri que é necessário anotar o porque e o como fiz. Isso aumentou muito o rendimento e a memória.

Agora vou ao escritório todos os dias, fazendo entre 4 e 7 horas ao dia. Continuo me cansando, mas sei que isso é bom sinal. Trabalho intelectual também gasta energia e, no meu caso, tem a criação de novas sinapses. Esse cansaço me deixa feliz!

Hoje estou alocada em uma equipe e em dois projetos. Isso é fantástico. Consegui isso em menos de 2 anos depois do rompimento do aneurisma!

Eu sei, muita gente vai achar que isso é muito tempo, mas não acontece com quem sabe que eu não sabia o que era uma caneta, quando o neurocirurgião, para me testar, me mostrou uma e perguntou o que era e para que ela servia e eu não soube responder. Isso aconteceu quando eu ainda estava no hospital. Acredite: eu não sabia o que era ou para o que servia uma caneta!

A dinâmica do blog

Não vou seguir a cronologia. Vou contar as coisas em sequência aleatória, por dois motivos:

1. não preciso organizar os posts, vou contar conforme eu for me lembrando das coisas;

2. vou contar antes aquelas coisas que despertam maior interesse por parte de quem teve o aneurisma rompido e das pessoas que os cercam, afinal, o blog existe para ser útil. Se necessário, um dia coloco tudo em ordem cronológica.

Vou tentar colocar sempre uma referência de mês e ano, ok?

O dia 27 de junho de 2009

Eu não me lembro desse dia. Aliás, não me lembro de quase nada de uns dois ou três meses antes e nada de seis meses depois, mas foi nesse dia que um aneurisma que eu tinha no lado esquerdo do cérebro rompeu-se. Felizmente eu estava na casa da minha mãe, que me encontrou desmaiada no quarto, por volta das 14 horas.

Como eu não recobrei os sentidos, fui levada para o Hospital Oswaldo Cruz, onde foi diagnosticado o rompimento de um aneurisma. Algumas horas depois, fui submetida a uma cirurgia, com 5% de chances de sobrevivência e 2% de chances de sair sem sequelas. Bem... nos 5% eu me encaixei e agora estou lutando para me encaixar nos 2%.

Hoje, cerca de 1 ano e 9 meses depois, começo a contar como foi a reabilitação, as dificuldades, o que aprendi, o que reaprendi, o que esqueci e as técnicas para levar, a cada dia, uma vida mais independente.

Algumas coisas são certas: nosso cérebro é maravilhoso e o amor das pessoas é fundamental.

este blog por quê?

Ok, a Dra. Eliane, minha neuropsicóloga, me convenceu... eu comecei o blog!

É aqui que vou contar as histórias da minha reabilitação, após o rompimento do meu aneurisma no cérebro, que aconteceu no dia 27 de junho de 2009.

:)